Arquivo do mês: maio 2010

Internazionale de Milão: Campeã da Liga dos Campeões 2009/10

O argentino Diego Milito marcou os dois gols da final

A vida é cruel. A diferença entre um vencedor e um perdedor é mínima. Muitas vezes pessoas com qualidades parecidas, em situações parecidas, que tomam decisões parecidas acabam em lugares completamente diferentes por um mero detalhe. E este detalhe é toda a diferença necessária para ganhar um prêmio, um emprego, um campeonato…

A Inter de Milão ganhou a Liga dos Campeões após 45 anos (havia vencido o campeonato nas temporadas 1963/64 e 1964/65) e termina a temporada como o maior time da europa. O argentino Milito será lembrado como um dos heróis do time, por ter marcado os 2 gols na final (marcou também na final da Copa da Itália e no jogo que decidiu o campeonato italiano, dando assim a “Triplice Coroa” à Inter). O técnico José Mourinho, mais uma vez em alta na Europa, foi contratado para dirigir o Real Madrid na próxima temporada.

De nada adiantaram os recordes batidos pelo técnico Manuel Pellegrini no Real Madrid (maior número de pontos e de vitórias da equipe na história da Liga Espanhola), pois o Barcelona conseguiu 3 pontos a mais. Pellegrini foi demitido e será esquecido pela história.

De nada adiantou também o esforço de Fábregas (Arsenal), que cobrou o pênalti que empatou o jogo contra o Barcelona nas quartas de final da Liga dos Campeões com a perna fraturada. Ou o gol de Robben contra o Manchester United, classificando o Bayern de Munique para a semi-final nos últimos minutos de um jogo perdido após um cruzamento incrível de Ribéry. Ou ainda os 3 gols de Olic contra o Lyon na semi-final. Bojan (Barcelona) teria sido o herói ao marcar o gol da classificação nos acréscimos da semi-final contra a Inter, mas o gol foi anulado.

O Arsenal tinha um time bom o bastante para ser campeão, mas sofreu com as contusões de seus principais jogadores. O Barcelona era tido como favorito absoluto. O Manchester United também estava entre os mais cotados para chegar na final. O Chelsea reclamou que foi eliminado por erros da arbitragem. O Lyon chegou muito perto de disputar sua primeira final na Liga dos Campeões. O CSKA de Moscou esteve muito próximo de eliminar a Inter nas quartas de final. A Fiorentina ia eliminando o finalista Bayern nas oitavas de final até a metade do segundo tempo do segundo jogo. O Real Madrid ficou a um gol de continuar na competição.

Mas, nada disso importa. A Inter foi campeã após derrubar os favoritos pelo caminho e Milito foi o herói da conquista. Os outros serão esquecidos. Simples assim.

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BAYERN DE MUNIQUE 0 X 2 INTERNAZIONALE

Bayern de Munique: Butt; Lahm, Van Buyten, Demichelis, Badstuber; Robben, Van Bommel, Schweinsteiger, Altintop (Klose); Olic (Gómez) e Müller. Técnico: Louis van Gaal

Internazionale: Júlio César; Maicon, Samuel, Lúcio, Chivu (Stankovic); Zanetti, Cambiasso, Sneijder; Eto’o, Milito (Materazzi) e Pandev (Muntari). Técnico: José Mourinho

Data: 22/05/2010, sábado
Local: estádio Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Auxiliares: Michael Mullarkey (ING) e Darren Cann (ING)
Cartões amarelos: Demichelis e Van Bommel (Bayern); Chivu (Inter)
Gols: Milito aos 34min do primeiro tempo e aos 25min do segundo tempo.

Atético de Madrid: Campeão da Liga Europa 2009/10

Forlán: o nome do jogo

O nome do campeonato mudou (de “Copa UEFA” para “Liga Europa UEFA“). O formato também. Talvez por isso a final tenha tido um apelo um pouco maior.

Em campo, o time mais antigo de Londres, Fulham (que apesar de estar na final de um torneio europeu, ainda fede à segunda divisão). Sem grandes estrelas individuais, o time se coloca em campo como se fossem 11 anônimos, que são substituídos e nada muda no modo de jogar. A dedicação e superação dos jogadores não são o bastante para empolgar (e olha que eu estava torcendo por eles!).

Do outro lado um Atlético de Madrid tão exausto (e as vezes sonolento) quanto o Fulham, se arrastam pelos 120 minutos de jogo e prorrogação, mas com um líder em campo: o uruguaio Diego Forlán, que se supera e joga quase sozinho no ataque espanhol. Não fosse por algumas jogadas do habilidoso argentino Agüero, eu só lembraria deste jogo pelos esforços inúteis de Forlán. Talvez também lembrasse deste jogo por um título histórico para a pobre sala de troféus do Fulham.

Mas Agüero estava lá. E não deixou os esforços de Forlán serem inúteis. A menos de 5 minutos do final da prorrogação Agüero cruzou e Forlán marcou seu nome na história do Atlético de Madrid.

Vamos ver se ele consegue repetir isso na Copa do Mundo. O Uruguai agradeceria.

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ATLÉTICO DE MADRI 2X1 FULHAM

Atlético Madri: De Gea; Ujfalusi, Luis Perea, Antonio Domínguez, Antonio López; Reyes (Salvio), Paulo Assunção, Raúl García, Simão Sabrosa (José Manuel Jurado); Diego Forlán e Sergio Agüero (Juan Valera). Técnico: Quique Sánchez Flores.

Fulham: Chris Baird, Aaron Hughes, Brede P. Hangeland, Paul Konchesky; Damien Duff (Erik Nevland), Dickson Etuhu, Zoltán Gera, Danny Murphy (Jonathan Greening), Simon Davies; Bobby Zamora (Clint Dempsey). Técnico: Roy Hodgson.

Data: 12/05/2010, quarta-feira
Local: estádio Hamburg Arena, em Hamburgo (Alemanha)
Árbitro: Nicola Rozzoli (Itália)
Cartões amarelos: Brede Hangeland (Fulham), Diego Forlán, Luis Perea e Eduardo Salvio (Atlético de Madri)
Gols: Forlán (Atlético), aos 31min do primeiro tempo e aos 10min do segundo tempo da prorrogação; e Davies (Fulham), aos 36min do primeiro tempo.

Louis van Gaal

Louis van Gaal, técnico do Bayern Munique que jogará a final da Liga dos Campeõpes 2009/10 contra a Inter de Milão.

Louis van Gaal iniciou sua carreira como técnico no Ajax, em 1991. Logo de cara foi campeão da Copa UEFA 1991/92. Mas foi só na temporada 1994/95 que ele ficou famoso ao formar um jovem e impressionante time no Ajax, que passou a temporada inteira invicto e venceu o Campeonato Holandês, a Copa da Holanda e a Liga dos Campeões (e tornou-se a base da seleção holandesa pelos próximos anos).

Quando trocou o Ajax pelo Barcelona em 1997 van Gaal era o maior técnico do mundo e teve total liberdade para montar o time como quisesse. Com as novas regras trabalhistas na União Européia, montou uma das primeiras equipes em que era raro encontrar um jogador local. Talvez isso tenha ferido o orgulho catalão do Barça, mas foi a falta de um título internacional que motivou sua demissão após duas temporadas (e um bi-campeonato espanhol).

Logo em seguida (ainda no ano 2000), foi convidado para dirigir a seleção holandesa nas eliminatórias para Copa do Mundo de 2002. Foi quando enfrentou seu maior fracasso, não conseguindo classificar seu país para o Mundial.

Famoso por sua auto-confiança (eufemismo para arrogância) van Gaal nunca se considerou nada menos do que o melhor do mundo em sua função. Mas após o choque do fracasso (e de uma apagada 2ª passagem pelo Barcelona em 2003) parecia estar ensaiando uma aposentadoria precoce ao tornar-se dirigente do Ajax. Mas logo seu ego falou mais alto e entrou em conflito com seus pares, o que culminou em sua demissão.

Para surpresa de todos, voltou ao cargo de técnico em 2005, aceitando dirigir o pequeno AZ, da Holanda. Durante os anos seguintes ficou fora dos noticiários internacionais e acabou quase esquecido, até que, na temporada 2008/09, fez o improvável: foi campeão holandês, quebrando um combo de vitórias dos grandes Ajax/PSV/Feyenord que venceram todos os campeonatos holandeses desde a temporada 1980/81 (quando, veja você, o próprio AZ havia sido campeão holandês pela primeira vez em sua história).

Van Gaal voltou ao centro das atenções e, em 2009,  foi convidado a dirigir o Bayern de Munique e retomar a trajetória de sucesso do time da Baviera.

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O Bayern trouxe o holandês Robben (em baixa após ter sido dispensado pelo Real Madrid) que veio formar um dos melhores meio de campo do mundo ao lado do francês Ribéry.

Juntos, Robben e Ribéry têm feito uma temporada extraordinária, mas provavelmente não estarão juntos na final da Liga dos Campeões contra a Inter de Milão pois Ribéry levou um cartão vermelho na semi-final contra o Lyon. O Bayern apelou à corte arbitral da UEFA, mas dificilmente terá a pena do francês suspensa.

Ribéry, expulso na semi-final, deve ficar de fora da final em Madrid. Robben é a grande esperança do Bayern.

Mas não é a presença de nenhum jogador do Bayern que tira o sono do técnico da Inter de Milão, José Mourinho, é seu antigo conhecido, van Gaal, com quem trabalhou no Barcelona.

Questionado sobre a possibilidade de enfrentar van Gaal na final, Mourinho disse apenas: “O conheço, o respeito e o temo”.

Louis van Gaal

Noite dos desprezados

Mourinho e Eto'o comemoram a classificação da Inter

É inegável que o Barcelona tem hoje um dos melhores times do mundo. É de se admirar ainda o fato de que boa parte de seus jogadores foram formados em casa (até mesmo o estrangeiro Messi jogou nas categorias de base do Barça). O apreço do clube por seus profissionais é tão grande que, até mesmo o seu excelente técnico, Josep Guardiola, foi formado lá, como jogador e depois como treinador.

É irônico que justamente José Mourinho, ele mesmo formado como técnico no Barcelona e dispensado pelo clube tenha os eliminado.

Mourinho chegou ao Barça em 1996, como auxiliar técnico e tradutor do técnico inglês Bobby Robson. Adaptou-se tão bem que, Robson se foi e Mourinho ficou, exercendo a mesma função junto ao novo técnico do time: o holandês Louis Van Gaal. Quando Van Gaal deixou o Barcelona, por volta do ano 2000, Mourinho achou que havia chegado a sua grande chance de tornar-se técnico principal, mas não foi o que aconteceu: ele foi considerado muito inexperiente para assumir o time.

Contrariado, Mourinho deixou o Barça e voltou a Portugal para provar que os catalães estavam errados. Tornou-se treinador do Benfica, depois do União de Leiria e, finalmente, do FC Porto, onde conquistou seus primeiros títulos (dentre eles, a Liga dos Campeões 2003/04). Valorizado, foi a peso de ouro para o poderoso Chelsea e depois tornou-se o treinador mais bem pago do mundo na Inter.

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No início desta temporada, o Barcelona desprezou outro dos seus. Em uma negociação que beirou o absurdo, o time catalão parecia querer se livrar de qualquer forma de seu artilheiro Samuel Eto’o e o trocou (justamente com a Inter de Mourinho) pelo desajeitado Ibrahimovic pagando ainda aos italianos uma diferença de US$60 milhões. Com este dinheiro, a Inter trouxe o zagueiro Lúcio e completou seu ataque com Sneijder e Milito.

Sneijder é outro jogador que chegou a Milão desacreditado. Após ter tido um início de carreira extraordinário no Ajax, transferiu-se para o Real Madrid sob grandes expectativas, mas nunca se destacou no time espanhol e foi para a Inter bastante desvalorizado. Sob o comando de Mourinho, tornou-se um dos grandes destaques da atual temporada européia.

Pois foi este time, com cara de vira latas, que venceu o time que parecia invencível, combatendo a perfeição ofensiva com a perfeição defensiva, e estará na final da Liga dos Campeões, dia 22 de maio de 2010 em Madrid, no estádio Santiago Bernabéu, contra o Bayern de Munique (do, vejam vocês, técnico holandês Louis Van Gaal).

Sneijder comemora a classificação. Ele voltará ao estádio do Real Madrid para disputar a final da Liga dos Campeões

BARCELONA 1 X 0 INTERNAZIONALE

Barcelona: Victor Valdés; Daniel Alves, Gerard Piqué, Gabriel Milito (Maxwell), Seydou Keita; Xavi, Yaya Touré, Sergio Busquets (Jeffrén); Pedro, Zlatan Ibrahimovic (Bojan Krkic), Lionel Messi. Técnico: Josep Guardiola

Internazionale: Júlio César; Maicon, Walter Samuel, Lúcio, Javier Zanetti; Esteban Cambiasso, Thiago Motta, Christian Chivu, Wesley Sneijder (Muntari); Diego Milito (Córdoba), Samuel Eto’o (Mariga). Técnico: José Mourinho

Data: 28/04/2010, quarta-feira
Local: estádio Camp Nou, em Barcelona (Espanha)
Árbitro: Franck de Bleeckere (Bélgica)
Assistentes: Peter Hermans e Walter Vromans (ambos da Bélgica)
Cartões amarelos: Pedro (Barcelona), Thiago Motta, Júlio César, Chivu, Lúcio, Muntari (Internazionale)
Cartão vermelho: Thiago Motta (Internazionale)
Gol: Piqué, aos 38min do segundo tempo